Ter a cadeira de rodas adequada faz toda a diferença na vida de quem precisa de apoio para se locomover. Esse equipamento não é apenas um meio de transporte, mas uma extensão da liberdade e da autonomia. Segundo dados da literatura, mais de 3,5 milhões de brasileiros utilizam algum produto assistivo para locomoção e, apenas em 2019, o SUS distribuiu cerca de 226 mil cadeiras de rodas. Esses números reforçam a importância da cadeira de rodas na inclusão e qualidade de vida – escolher o modelo certo pode transformar rotinas dentro e fora de casa. Além disso, outros recursos como adaptações em veículos, rampas e acessórios especiais também contribuem para aumentar a independência e conforto de pessoas com mobilidade reduzida.
Para ajudar você a entender tudo sobre cadeiras de rodas, este guia completo traz informações sobre os principais modelos disponíveis, dicas de como escolher a cadeira ideal e cuidados essenciais de manutenção para garantir segurança e durabilidade. Vamos adotar um tom humano e consultivo, explicando cada ponto de forma clara e com bastante transição entre as ideias, para que a leitura fique leve e informativa. Preparado? Então vamos lá!
Modelos de Cadeiras de Rodas Disponíveis
A variedade de cadeiras de rodas atualmente é surpreendente e atende às mais diversas necessidades. Não existe um modelo único que sirva para todos, por isso é importante conhecer os tipos principais e entender em quais situações cada um se destaca. A seguir, apresentamos os modelos de cadeira de rodas mais comuns e suas características, incluindo opções manuais, motorizadas, de uso específico e até veículos de mobilidade, para que você identifique qual se encaixa melhor no seu perfil.
Cadeiras de Rodas Manuais
As cadeiras de rodas manuais são as mais tradicionais e amplamente utilizadas. Elas dependem da força de quem está sentado (ou de um acompanhante) para se movimentar, seja impulsionando os aros das rodas traseiras com as mãos ou sendo empurradas por alguém. Em geral, são modelos mais leves, dobráveis e portáteis em comparação às versões motorizadas, o que facilita no transporte em carros e no armazenamento em casa.
Mesmo dentro das manuais há uma variedade enorme:
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Cadeiras padrão dobráveis: indicadas para uso diário, com estrutura de aço ou alumínio, que podem ser facilmente dobradas para guardar. Por exemplo, há modelos em alumínio que oferecem resistência e são fáceis de transportar.
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Cadeiras monobloco (estruturas rígidas): possuem armação fixa (não dobrável), conferindo mais robustez e durabilidade. São comuns em ambientes hospitalares e também procuradas por usuários ativos que buscam máxima eficiência. Um estudo indicou que muitos usuários de cadeiras monobloco (cerca de 62,5%) relatam alta satisfação com a segurança e durabilidade desse tipo de modelo, embora ressaltem a importância de ajustes para garantir o conforto.
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Cadeiras leves ou ultraleves: feitas de materiais como alumínio aeronáutico ou fibra de carbono, pesam menos e facilitam a vida de quem precisa carregar a cadeira com frequência (por exemplo, para colocar no carro). São ótimas para usuários ativos e esportistas, pois exigem menos esforço ao propulsionar.
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Modelos reforçados/bariátricos: projetados para suportar usuários com peso elevado (acima de 90 kg, por exemplo), com bases reforçadas e assentos mais largos para garantir segurança e estabilidade.
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Cadeiras infantis/pediátricas: adaptadas ao tamanho e às necessidades de crianças, muitas vezes ajustáveis para “crescer” junto com o pequeno usuário, oferecendo postura adequada e segurança.
Outra vantagem das cadeiras manuais é a versatilidade de ajustes: vários modelos permitem regular altura do apoio de pés, remover apoios de braço, reclinar o encosto ou ajustar o centro de gravidade, tudo para adaptar a cadeira ao corpo e à rotina de cada pessoa. Vale lembrar, contudo, que seu uso prolongado exige que o usuário tenha condição física nos braços para impulsionar a cadeira (ou assistência disponível).
Cadeiras de Rodas Motorizadas (Elétricas)
As cadeiras de rodas motorizadas são equipadas com motores elétricos e baterias recarregáveis, permitindo que o usuário se locomova sem precisar impulsionar as rodas manualmente. Elas são controladas geralmente por um joystick ou outro dispositivo adaptado (há controles que respondem ao movimento da cabeça, sopro, etc., para atender pessoas com diferentes graus de mobilidade). Essas cadeiras oferecem independência total para quem tem pouca ou nenhuma força nos membros superiores, ampliando consideravelmente a autonomia no dia a dia.
Características marcantes das cadeiras motorizadas:
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Possuem estrutura similar a uma cadeira de rodas tradicional, porém incluem um conjunto eletrônico (módulo de controle, bateria e motor nas rodas). Com isso, acabam sendo mais pesadas que as manuais e exigem atenção especial quanto à carga da bateria e manutenção dos componentes elétricos.
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Várias velocidades e modos de controle: muitas permitem ajustar a velocidade máxima, têm marchas para interior e exterior, e podem vir com recursos como suspensão nas rodas para enfrentar terrenos irregulares.
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Algumas são dobráveis ou desmontáveis, facilitando o transporte em viagens. Hoje já existem cadeiras motorizadas bem compactas e até modelos que cabem no porta-malas do carro quando desmontados.
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Oferecem conforto e suporte postural aprimorados: por serem pensadas para uso prolongado, muitos modelos vêm com assento acolchoado, encosto reclinável, apoio de cabeça e até funções elétricas de inclinação (tilt) ou elevação, ideais para usuários que passam horas contínuas na cadeira.
É importante considerar que as cadeiras elétricas demandam cuidados extras. Por exemplo, deve-se recarregar a bateria diariamente ou sempre que possível, mesmo que não esteja totalmente vazia, para não comprometer sua vida útil. Além disso, a manutenção de partes como motores e circuitos precisa ser feita em assistência especializada periodicamente, garantindo que os freios eletromagnéticos e demais sistemas de segurança estejam funcionando perfeitamente. Falaremos mais sobre cuidados adiante.
Cadeiras de Rodas para Banho (Higiênicas)
Há também cadeiras de rodas especialmente desenvolvidas para o banho e uso sanitário, chamadas de cadeiras de banho ou higiênicas. Esses modelos permitem que o usuário tome banho sentado com segurança ou utilize o vaso sanitário, trazendo mais conforto e dignidade nos cuidados diários de higiene.
As cadeiras de banho possuem características específicas:
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Material resistente à água e corrosão: Diferentemente das cadeiras de rodas convencionais, que poderiam enferrujar ou estragar se molhadas com frequência, as cadeiras de banho são projetadas com materiais impermeáveis (como alumínio anodizado, aço inoxidável ou plástico reforçado) e componentes tratados para suportar a umidade constante do banheiro. Isso previne ferrugem e facilita a limpeza.
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Design adaptado: Geralmente incluem orifício no assento (similar a um vaso sanitário) para uso no banheiro, e algumas vêm com balde/coletor removível para funcionamento como comadre, permitindo usar fora do banheiro quando necessário. Muitas têm encosto e assento em material plástico ou estofado impermeável, que é confortável e de secagem rápida.
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Segurança: Vêm equipadas com rodízios com freio (às vezes rodas menores, já que a ideia é usá-las em curtas distâncias dentro de casa/banheiro) para evitar deslocamentos acidentais durante o banho. Algumas têm apoio para os pés dobrável ou removível, facilitando as transferências.
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Facilidade de higienização: superfícies lisas e peças removíveis ajudam na limpeza rápida pós-uso, muitas vezes bastando enxaguar e secar. Isso é importante para prevenir fungos e odores – um equipamento que fica constantemente em ambiente molhado precisa ser bem higienizado e seco após o uso para durar mais.
Essas cadeiras são indispensáveis para pessoas com deficiência ou idosos que possuem dificuldade de ficar em pé no chuveiro ou sentar no vaso comum. Elas trazem praticidade para o cuidador e principalmente reduzem riscos de quedas e acidentes no banheiro, que é um local com muita umidade e propício a escorregões.
Scooters Elétricos de Mobilidade
Uma categoria que merece destaque, especialmente para uso externo e recreativo, são os scooters elétricos de mobilidade. Embora não sejam exatamente “cadeiras de rodas” no formato tradicional, os scooters cumprem a mesma função de permitir deslocamento autônomo, mas com um design diferente. Eles se assemelham a um carrinho motorizado de quatro rodas, com um assento e um guidão frontal para o controle (em vez do joystick lateral das cadeiras motorizadas).
Os scooters de mobilidade costumam ser indicados para pessoas que conseguem ficar sentadas com o tronco ereto sem necessidade de encosto especializado e que desejam independência principalmente em ambientes amplos ou ao ar livre. Algumas características e diferenças em relação às cadeiras motorizadas:
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Uso principal ao ar livre: o scooter é ideal para passeios, idas ao parque, shoppings, fazer compras ou mesmo viagens em locais turísticos. Ele oferece ótima autonomia de baterias para percursos mais longos e estabilidade em terrenos planos. Por outro lado, não foi pensado para uso dentro de casa de forma contínua – em espaços internos muito apertados, sua capacidade de manobra é limitada, já que o raio de giro é maior e o conjunto é mais volumoso. Portanto, costuma-se usar o scooter para deslocamentos externos e, em casa, o usuário utiliza uma cadeira manual ou outros apoios.
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Conformação e conforto: o formato lembra mesmo uma mini-moto elétrica ou um carrinho de golfe compacto. O usuário apoia as mãos num guidão (tipo bicicleta) e controla aceleração e direção por ali. O assento é geralmente acolchoado e pode ter braços laterais, porém não oferece o mesmo suporte postural sofisticado que uma cadeira de rodas (não tem encosto alto de cabeça, nem ajuste fino de coluna, etc.). Por isso, é confortável para trajetos de lazer e períodos moderados, mas não indicado para ficar sentado o dia inteiro se a pessoa precisa de apoio de postura contínuo.
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Transporte: muitos scooters são desmontáveis em partes (base, assento, baterias) ou têm estrutura dobrável, porém, em geral, ainda ocupam mais espaço e pesam mais que uma cadeira motorizada compacta. É um ponto a considerar caso você precise levar o scooter no carro com frequência – verifique o peso das peças e se cabem no porta-malas. Alguns modelos têm fechamento automático e tecnologias para facilitar esse transporte, mas podem sacrificar um pouco a robustez.
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Acessibilidade: um ponto importante é que, diferentemente das cadeiras de rodas (mesmo motorizadas) que foram concebidas pensando em acessibilidade total, os scooters podem ter dificuldade em algumas rampas ou locais estreitos. Por exemplo, não têm rodas adaptadas para subir pequenos degraus ou guias rebaixadas muito altas. Portanto, avalie o ambiente onde você pretende usá-lo – em geral, lugares abertos e planos são o ideal.
Resumidamente, cadeira motorizada vs. scooter vai depender do perfil de uso: se você precisa de mobilidade tanto dentro quanto fora de casa, com suporte postural e mais facilidade em espaços apertados, a cadeira de rodas motorizada é mais apropriada. Por outro lado, se o objetivo é ganhar autonomia em passeios e atividades de lazer ao ar livre, e você consegue se transferir e ficar bem sentado sem tantos suportes, o scooter elétrico é uma excelente opção para se deslocar com rapidez e conforto.
Cadeiras Esportivas e Especiais
Além dos modelos acima, há cadeiras de rodas projetadas para finalidades específicas. Entre elas destacam-se:
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Cadeiras de rodas esportivas: desenvolvidas para modalidades como basquete em cadeira de rodas, tênis, atletismo, rugby, dança esportiva, entre outras. Essas cadeiras têm design diferenciado – por exemplo, rodas levemente inclinadas (no “camber”) para dar estabilidade nas curvas, estrutura super reforçada porém ultraleve (muitas em alumínio ou titânio), e ajustes específicos para cada esporte. Cada modalidade tem suas exigências: no basquete, as cadeiras possuem proteção anti-tombo traseira e grandes inclinações; no atletismo de pista (corrida em cadeira de rodas), já são verdadeiros triciclos alongados, etc. O ponto comum é maximizar desempenho e agilidade, permitindo que atletas alcancem alta performance. É inspirador notar que, com essas cadeiras especiais, muitos atletas conquistam medalhas e superam limites, provando que mobilidade também pode ser sinônimo de prazer e sucesso competitivo.
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Cadeiras todo-terreno: são modelos feitos para andar em superfícies onde uma cadeira comum teria dificuldade, como areia de praia, trilhas de terra ou gramados. Costumam ter rodas mais largas ou especiais (até com pneus infláveis grandes), estrutura resistente a impactos e às vezes suspensão. Alguns parecem um carrinho de mão adaptado para levar o usuário sobre terrenos acidentados (há cadeiras de trilha guiadas por um acompanhante, com apenas uma roda grande central, por exemplo).
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Cadeiras de posicionamento/terapêuticas: nessa categoria entram cadeiras desenhadas para casos muito específicos, como usuários tetraplégicos ou com paralisia cerebral, que precisam de apoios de tronco, cabeça e pernas ajustáveis e às vezes sistemas de inclinação ou basculação (tilt) para redistribuir pressão. Geralmente são feitas sob medida ou vêm com muitos acessórios moduláveis (cintos de posicionamento, suporte lateral de tronco, apoio de cabeça articulado, etc.) para manter a postura correta e evitar complicações ortopédicas ou de circulação. São fundamentais para usuários que passam longos períodos na cadeira e não conseguem se reposicionar sozinhos.
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Outros modelos especiais: existem ainda cadeiras motorizadas de alto desempenho (algumas controladas até por sopro ou pelo queixo, para quem não movimenta braços), cadeiras stand-up (que conseguem ficar em posição vertical e “levantar” o usuário para a posição de pé mediante atuadores elétricos), e variações como triciclos adaptáveis a cadeiras manuais (handbikes) que convertem a cadeira em uma espécie de bicicleta de mão para uso esportivo ou recreativo.
Como vemos, para praticamente cada necessidade há uma cadeira de rodas adequada. Caso você precise de algo muito específico, vale a pena conversar com profissionais de saúde (fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais) ou especialistas em tecnologia assistiva, pois muitas vezes existem soluções sob medida ou acessórios que podem ser adicionados a modelos convencionais para atender necessidades particulares.
Como Escolher a Cadeira de Rodas Ideal
Diante de tantas opções e modelos disponíveis, surge a pergunta: como decidir qual cadeira de rodas é a melhor para você ou para seu familiar? A escolha deve levar em conta vários fatores e, de fato, pode parecer desafiadora no início. No entanto, alguns passos práticos ajudam a guiar essa decisão de forma mais segura. Vamos listar as principais considerações para escolher com confiança:
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Perfil e necessidades do usuário: Avalie as condições físicas e a rotina de quem vai usar a cadeira. A pessoa é ativa ou passiva? Ou seja, ela mesma tem força nos braços para tocar uma cadeira manual ou dependerá sempre de ajuda? Vai usar a cadeira o dia todo, em ambientes internos, ou principalmente para sair de casa em momentos específicos? Por exemplo, usuários ativos que trabalham, estudam e se movimentam bastante podem preferir modelos manuais leves ou motorizados compactos. Já um idoso que só usa a cadeira eventualmente, dentro de casa, talvez fique bem com uma cadeira de rodas simples ou cadeira de banho para auxiliar.
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Conforto e dimensões: Fique muito atento ao conforto que a cadeira proporciona. Detalhes como a largura e profundidade do assento, a altura do encosto, a presença de almofada adequada, apoio para braços e apoio para os pés fazem toda a diferença no uso diário. Uma cadeira de tamanho inadequado pode causar dores, problemas de postura e até feridas de pressão. Sempre verifique as medidas da cadeira em relação às medidas da pessoa (ex.: largura do quadril do usuário vs. largura do assento). Além disso, materiais como tecido acolchoado e respirável no assento ajudam a evitar calor e desconforto.
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Segurança e estabilidade: Priorize modelos que ofereçam segurança. Isso inclui freios eficientes (e de fácil alcance para o usuário acionar), estrutura estável que não balance ou ameace tombar durante movimentos, e recursos como rodas anti-tombo traseiras se o usuário tiver movimentos bruscos. Ao testar uma cadeira, observe se ela se mantém firme ao fazer transferências (subir/descer) e em diferentes inclinações de terreno. Além disso, caso a pessoa vá deslocar-se sozinha, verifique se consegue frear e bloquear as rodas sem ajuda. Ajustes no eixo das rodas traseiras também podem melhorar a estabilidade – alguns modelos permitem posicionar as rodas um pouco mais para trás para evitar tombamento, por exemplo.
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Manutenção e praticidade: Considere a facilidade de manutenção e o cenário a longo prazo. A cadeira escolhida tem peças de reposição acessíveis no Brasil? Os pneus são maciços (que não furam) ou infláveis (que podem precisar calibrar frequentemente)? O material da estrutura oxida facilmente ou é alumínio/pintura resistente? Modelos em alumínio ou com tratamento anticorrosão tendem a ter vida útil maior, especialmente se a cadeira eventualmente tomar chuva ou umidade. Leve em conta também se existem assistências técnicas próximas para conserto, caso necessário. Outro ponto de praticidade é como a cadeira será transportada: se a pessoa viaja bastante ou precisa colocar a cadeira no carro todo dia, um modelo dobrável ou desmontável é praticamente obrigatório.
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Peso e portabilidade: O peso da cadeira de rodas influencia tanto no esforço para empurrá-la (no caso das manuais) quanto na facilidade de transporte. Cadeiras muito pesadas podem ser uma dificuldade a mais para familiares que precisem erguer a cadeira para guardar, por exemplo. Atualmente existem modelos de alumínio superleves (de 8 a 14 kg nas manuais simples) e também motorizadas relativamente leves (20 a 30 kg desmontadas). Avalie também a portabilidade: se for necessário subir escadas em algum momento, a cadeira precisará ser carregada? Ou se ela será enviada em viagens aéreas com frequência, o peso conta nas limitações das companhias. Em casos de uso eventual ou viagens, modelos dobráveis e ágeis são campeões em praticidade.
Além desses pontos principais, não deixe de envolver o usuário na decisão. Muitas vezes, famílias adquirem cadeiras sem consultar a pessoa que vai usá-la diariamente, e isso pode gerar arrependimentos. Cada indivíduo sabe quais dificuldades enfrenta no cotidiano, então escutar suas preferências (por exemplo, ele pode valorizar poder se movimentar sozinho mais do que ter a cadeira mais confortável do mundo, ou vice-versa) é fundamental.
Por fim, sempre que possível, busque a orientação de profissionais de saúde. Terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas ou médicos fisiatras podem fazer avaliações personalizadas e recomendar especificações ideais para cada caso, incluindo medidas exatas, necessidade de almofadas anti-escaras, tipos de apoio e adaptações. Esses especialistas conhecem recursos de acessibilidade e podem indicar soluções que não são óbvias à primeira vista. Portanto, não hesite em perguntar e tirar dúvidas. Escolher conscientemente evitará que a cadeira de rodas se torne fonte de frustração, e sim uma aliada para a liberdade no dia a dia.
Cuidados e Manutenção da Cadeira de Rodas
Depois de escolher a cadeira de rodas ideal, é crucial adotar bons hábitos de cuidado e manutenção para garantir que ela tenha longa duração e permaneça segura para uso. Lembre-se: a cadeira de rodas é como uma extensão do corpo de quem a utiliza diariamente, portanto mantê-la em bom estado significa também cuidar da saúde e bem-estar do usuário. Com os devidos cuidados, o equipamento terá vida útil maior e apresentará menos problemas ou riscos. A seguir, veja recomendações importantes de conservação, limpeza e uso adequado da sua cadeira:
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Armazenamento adequado: Sempre que possível, guarde a cadeira de rodas em locais secos, arejados e protegidos do clima. Evite deixá-la exposta à chuva ou em ambientes muito úmidos por longos períodos, pois isso pode levar à oxidação de componentes metálicos (mesmo cadeiras de alumínio podem ter parafusos ou rolamentos de aço que enferrujam) e ao acúmulo de mofo em partes estofadas. Da mesma forma, exposição prolongada ao sol intenso não é ideal – o calor e os raios UV podem ressecar peças plásticas e borrachas (como pneus e apoios) e desbotar tecidos. Se a cadeira for motorizada, esses cuidados são ainda mais importantes: temperaturas extremas podem afetar baterias e circuitos. Por exemplo, baterias deixadas em frio excessivo podem perder eficiência, e em calor extremo a cadeira pode reduzir automaticamente a velocidade para proteger o motor.
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Proteção contra chuva e umidade: Evite ao máximo usar cadeiras motorizadas debaixo de chuva forte – além do usuário se molhar, a água pode penetrar em componentes eletrônicos sensíveis e causar falhas. Se não tiver opção e precisar sair na chuva, procure proteger o módulo de controle/joystick com capa plástica. Depois, seque bem todos os componentes assim que possível. Mesmo para cadeiras manuais, a água pode lavar a lubrificação dos rolamentos das rodas e causar ferrugem. Portanto, ao molhar a cadeira, tente secá-la com um pano seco ou deixe-a em local ventilado até secar completamente.
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Limpeza regular: Manter a cadeira limpa é fundamental tanto para a higiene do usuário quanto para o bom funcionamento mecânico. Uma vez por semana (ou conforme a necessidade) faça uma limpeza geral. Use um pano úmido com detergente neutro ou álcool para limpar assento, encosto, apoios de braço e de pés. Remova sujeiras soltas das rodas e eixos – fios de cabelo e poeira tendem a se enrolar nos eixos das rodas giratórias dianteiras e nos rolamentos das rodas grandes, atrapalhando o giro. Nunca use produtos abrasivos ou solventes fortes, pois podem danificar a pintura ou o material das peças. Em cadeiras motorizadas, não jogue água diretamente (nada de mangueira ou lavadora de alta pressão); o ideal é passar apenas pano levemente umedecido na estrutura e pano seco nos componentes eletrônicos. Certifique-se de que tudo esteja seco antes de usar novamente, prevenindo riscos de curto-circuito.
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Conservação dos estofados e apoios: Verifique regularmente o estado do assento, encosto e almofadas da cadeira. Esses itens de tecido ou couro sintético podem rasgar ou desgastar com o tempo, e um estofado danificado pode expor espumas ou estruturas internas, causando desconforto ou até ferimentos na pele do usuário. Mantenha os revestimentos limpos e secos – caso ocorram derramamentos de líquidos, faça a limpeza e secagem imediata para evitar mau odor e proliferação de fungos. Se a cadeira usar uma almofada especial (por exemplo, almofada anti-escaras em gel ou ar), siga as instruções do fabricante para manutenção – algumas capas podem ser lavadas separadamente. Além disso, fique atento à posição: almofadas e encostos deslocados ou deformados devem ser ajustados ou substituídos para garantir postura correta.
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Lubrificação e partes móveis: A maioria das cadeiras de rodas modernas não requer lubrificação frequente. Na verdade, muitas vêm com rolamentos selados que já possuem lubrificação de fábrica e não devem ser abertos ou lubrificados manualmente. Evite aplicar óleo ou graxa nos eixos das rodas ou dobradiças sem indicação expressa no manual, pois isso pode acabar acumulando sujeira e prejudicando o movimento. Uma exceção: se a cadeira for dobrável, você pode pôr umas gotas de óleo lubrificante spray leve nas articulações do mecanismo de fechamento apenas se elas estiverem rangendo ou duras para mexer – e depois remover o excesso. Em caso de dúvidas, consulte uma assistência técnica.
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Pneus e calibragem: Cheque a condição dos pneus regularmente. Cadeiras de rodas manuais e motorizadas podem ter dois tipos de pneu: maciços (de borracha sólida ou EVA, que não furam) ou infláveis (com câmara de ar, similares a pneus de bicicleta). Se sua cadeira tiver pneus infláveis, é importante manter a calibragem corretaindicada pelo fabricante (geralmente expressa na lateral do pneu, em libras – psi). Pneus murchos deixam a cadeira mais pesada para movimentar e, no caso das motorizadas, aumentam o consumo de bateria. Procure calibrar os pneus pelo menos 1 vez por mês – ou a cada 15 dias se usar diariamente longos percursos. Utilize bombas manuais ou vá a postos de combustível/bicicletarias, sempre conferindo a pressão recomendada (em geral ~45 psi nas traseiras e ~35 psi nas dianteiras, dependendo do modelo). Pneus maciços, por sua vez, exigem menos manutenção, mas verifique se não estão muito gastos ou “quadrados” (quando a cadeira fica parada muito tempo, podem deformar). Se estiverem lisos ou rachados, cogite trocar, pois a aderência e o conforto podem estar comprometidos.
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Freios: Os freios são um item de segurança vital. Verifique periodicamente se os freios estão firmes e eficazes. Nas cadeiras manuais, o freio geralmente é uma alavanca que pressiona diretamente o pneu. Assim, seu bom funcionamento depende também do estado e calibragem do pneu – um pneu vazio ou gasto fará o freio deslizar sem segurar direito. Ajuste a tensão dos freios conforme necessário (muitos têm parafusos para apertar ou soltar). Em cadeiras motorizadas, o sistema costuma ser eletrônico/eletromagnético, travando as rodas automaticamente quando não estão em movimento. Mesmo assim, realize revisões a cada 6 meses para garantir que esse sistema está funcionando e que as pastilhas ou componentes de freio não apresentam desgaste excessivo. Se notar qualquer falha – cadeira deslizando mesmo com freio acionado – pare de usar e faça a manutenção antes de ocorrer um acidente.
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Parafusos e estruturas soltas: Com o uso constante, é natural que alguns parafusos, porcas ou encaixes afrouxem com o tempo, gerando pequenas folgas ou ruídos. Portanto, inspecione a cadeira de tempos em tempos, procurando por partes bambas ou barulhos estranhos. Aperte parafusos que estejam soltos (usando as ferramentas adequadas; muitas cadeiras já vêm com chave para ajuste). Tenha cuidado para não espanar as roscas apertando demais – o objetivo é firmar, mas sem forçar excessivamente. Se alguma peça parecer muito frouxa e você não conseguir ajustar, leve a uma oficina ortopédica. Lembre-se de que certos pontos devem ter um mínimo de folga para a cadeira dobrar ou movimentar, então foque nos locais onde não deveria haver jogo, como rodas bambas ou apoio de pé chacoalhando fora do normal.
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Baterias (no caso das motorizadas): Cuidados com a bateria merecem destaque. Para prolongar a vida útil das baterias, siga as recomendações do fabricante sobre carregamento. O usual é recarregar todas as noites ou sempre que a carga estiver abaixo de ~20-30%, evitando descarregar completamente. Cada descarga profunda (quando a bateria zera) pode causar perda permanente de capacidade. Portanto, mantenha o hábito de pôr a cadeira para carregar ao final do dia – mesmo que não tenha sido usada intensivamente – assim ela estará sempre pronta na manhã seguinte e as baterias sofrerão menos estresse. Se a cadeira ficar sem uso por algum período (viagens, internação, etc.), faça ao menos uma carga completa semanalmente para que as baterias não se deteriorem paradas. Outro ponto: mantenha os bornes e conexões da bateria limpos e bem fixados. Caso note sinais de corrosão nos terminais, desligue a cadeira e limpe conforme instruções do manual (geralmente com pano seco ou escova macia). Baterias em bom estado garantem que a cadeira motorizada não te deixará na mão durante um passeio.
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Revisões periódicas: Por mais cuidadoso que você seja, é recomendável fazer uma revisão completa anual (ou no mínimo a cada 2 anos) em uma oficina especializada ou com o fornecedor da cadeira. Eles poderão verificar itens mais técnicos como alinhamento do chassi, estado interno dos rolamentos, circuitos eletrônicos (se houver), além de realizar limpeza e lubrificação profissional. Essa manutenção preventiva identifica desgastes antes que se tornem problemas maiores. Lembre-se que sua segurança está em jogo, então cuidar bem da cadeira de rodas é essencial para evitar acidentes e gastos inesperados com consertos.
Seguindo essas dicas de cuidados, sua cadeira de rodas permanecerá confortável, segura e funcional por muito mais tempo. Assim, você poderá focar no que realmente importa: viver sua vida com mobilidade, independência e tranquilidade.
Segundo o Ministério da Saúde, a escolha da cadeira de rodas deve considerar avaliação profissional e as necessidades individuais de cada usuário, garantindo conforto, segurança e autonomia.
Conte com a Santa Apolônia para sua Mobilidade
Cada pessoa tem uma história e necessidades únicas quando o assunto é mobilidade. Neste guia, apresentamos os principais modelos de cadeiras de rodas, dicas para uma escolha assertiva e cuidados para conservar o equipamento. Mas sabemos que, na prática, pode surgir aquela dúvida específica ou a necessidade de comparar diferentes produtos. Nesses momentos, contar com orientação profissional e de empresas de confiança faz toda a diferença.
A Santa Apolônia está presente no Brasil ajudando pessoas em suas jornadas de reabilitação e autonomia. Em nossa linha de produtos de mobilidade, você encontrará dezenas de opções de cadeiras de rodas – manuais, motorizadas, de banho, scooters e acessórios – com a garantia de qualidade e suporte de uma equipe especializada. Se ainda não tem certeza de qual modelo escolher, não se preocupe: nossos consultores podem ajudar a avaliar as necessidades do usuário e indicar as melhores alternativas, sempre com um atendimento humanizado e acolhedor.
Lembre-se de que mobilidade é um direito de todos, e a tecnologia assistiva está em constante evolução para oferecer soluções cada vez mais confortáveis e eficientes. Seja qual for o modelo de cadeira de rodas que você escolher, o importante é que ele permita que você (ou seu familiar) viva com mais liberdade, inclusão e qualidade de vida. Esperamos que este guia tenha esclarecido suas principais dúvidas e fornecido orientações valiosas.
Em resumo, escolher bem e cuidar da cadeira de rodas são passos fundamentais para garantir autonomia e segurança. A Santa Apolônia segue à disposição para o que você precisar nessa caminhada – conte conosco para manter suas rodas girando e sua vida em movimento!
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